As empresas têm um papel cada vez mais importante na promoção da igualdade, tanto quanto segmentos governamentais, ongs ou instituições educacionais. De fato, as marcas são exemplos para as pessoas, e possuem um papel de identificação e difusão de valores em suas vidas. Um empreendimento que aposta no design inclusivo pode gerar verdadeiras transformações na sociedade, e ainda ampliar as oportunidades para os negócios.
Embora muitas instituições já realizassem ações para promover a diversidade, nos últimos anos com a ampliação das discussões sobre inclusão, diversidade e direitos humanos, o tema ganhou maior força e importância para as empresas. Tanto na produção de campanhas com uma linguagem adequada quanto no desenvolvimento de serviços e espaços inclusivos.
Grandes marcas como Netflix, O Boticário, Natura, Coca-Cola, Skol, Gol, Avon, Doritos e Magnum, são alguns exemplos de empresas que têm investido nisso.
Então, para definir um público-alvo, ou melhor, as personas que podem adquirir um produto ou serviço, é essencial pensar em pessoas diferentes, em termos de etnias, pensamentos, gênero, capacidades, vontades, desejos, etc. Por isso, o conceito de design inclusivo também denominado design universal tem crescido tanto. Trata-se de uma abordagem que lida com todas essas diferenças e as agrega em seus serviços e produtos.
Mas o que é o design inclusivo?
O British Standards Institute o define como “o design de produtos de massa e/ou serviços que são acessíveis para, e utilizáveis por, o maior número de pessoas possível… sem necessidade de adaptações especiais ou um design especializado”. Ou seja, o design inclusivo abrange pessoas de diferentes “padrões” com um mesmo produto ou serviço.
No entanto, o design inclusivo não quer dizer que seja sempre possível, ou até mesmo apropriado, desenvolver um produto que sirva à toda a população. Trata-se de um guia para que se pense em produtos e serviços responsivos à diversidade. E é sobre isso que vamos discorrer a seguir, citando algumas ações para se desenvolver um produto inclusivo.
Design inclusivo e incapacidades
O design inclusivo propõe que produtos de massa alcancem o maior número de pessoas possível, independentemente de suas incapacidades ou dificuldades. Mas o que são essas incapacidades? Bom, citamos um exemplo: uma pessoa que não tenha um membro como o braço, possui uma incapacidade permanente.
Agora, uma mãe com um bebê no colo, por exemplo, é uma pessoa que também possui limitações nos braços, tendo apenas um dos braços livre para, por exemplo, segurar um corrimão de escada, se apoiar para subir em um ônibus ou utilizar o metrô.
Outra hipótese: uma pessoa com o braço quebrado e engessado. Nesses últimos exemplos, seria uma incapacidade temporária, mas essas pessoas também irão usufruir de produtos e serviços pensados para a persona permanentemente incapaz.
O mesmo acontece com uma pessoa com surdez e alguém com uma infecção de ouvido, ou que está em um ambiente com muito ruído. Para essas três pessoas, um sistema de closed caption (legenda oculta) em vídeos de redes sociais ou painéis de informação com maior visibilidade em hospitais ou aeroportos, por exemplo, serão essenciais.
Poderíamos citar outros inúmeros exemplos aqui, mas, resumindo, as incapacidades não estão relacionadas somente a condições permanentes e ligadas à saúde, mas também a contextos e maneiras diferentes de as pessoas se relacionarem.
Princípios do design inclusivo
O design inclusivo nasce para aperfeiçoar os serviços, ampliando o acesso de diferentes personas e oportunidades de inovar nos negócios. Para isso as empresas devem pensar em alguns princípios, como:
- Desenvolver um portfólio de produtos e derivativos para promover a melhor cobertura possível da população. Produtos em massa, devem ter o maior número de aparatos possíveis para pessoas com incapacidades de visão, fala, audição e outros;
- Estar atento ao modo de se comunicar com o público, para não disseminar ideias retrógradas, preconceituosas e em desacordo com o mundo atual, extremamente preocupado em acolher a diversidade. Um exemplo aqui é esse guia elaborado pela Prefeitura de Barcelona que propõe mudanças na forma de se comunicar para incluir o maior número de pessoas possíveis, levando em consideração diferentes aspectos, como:
– saúde mental;
– questões de gênero;
– questões raciais e étnicas;
– limitações físicas, auditivas, visuais, intelectuais e outros. - Garantir que cada produto individual sirva para determinadas personas (bastante pensadas e planejadas), incluindo sempre a diversidade quando planejá-las;
- Reduzir o nível de habilidade utilizada para o uso dos produtos, para aumentar a experiência do usuário para um maior número de pessoas, em uma maior variedade de situações.
Exemplos de design inclusivo
Um salão de beleza inclusivo para mulheres cegas
Como uma mulher cega pode se perceber bonita após maquiada? Que tipo de serviço poderia ser agregado a um salão para que essa mulher se sinta bonita? Quais tecnologias poderiam ser desenvolvidas para proporcionar uma experiência diferenciada para essas mulheres?
Uma piscina de condomínio para pessoas com dificuldade de locomoção
As piscinas dos condomínios e clubes normalmente não incluem pessoas idosas ou com dificuldades de locomoção, temporárias ou permanentes. O que poderia ser alterado para promover essa inclusão? Um elevador para facilitar a entrada na água? Cadeiras dentro da piscina? Rampas e equipamentos de apoio?
Uma academia para pessoas com estatura baixa ou muito alta
Como pessoas com baixa estatura podem participar de academias? Os aparelhos são geralmente regulados para pessoas de estatura normal. Mas pessoas com alturas menores de 1,50m ou maiores de 1,90m geralmente não conseguem utilizar esses equipamentos.
Como fazer com que essa regulagem seja adaptada para tamanhos diversos? Seria necessário incluir aparelhos para essas pessoas ou uma adaptação já seria suficiente? Como os profissionais das equipes podem ser preparados para auxiliar no treinamento dessas pessoas? Como os outros ambientes podem ser pensados, desde a recepção até os banheiros e outras áreas?
Em resumo…
Essas são apenas algumas provocações e reflexões que podem ser aplicadas em qualquer empreendimento ou serviço, como aeroportos, escolas, restaurantes, hotéis, agências de viagens, supermercados, lojas de roupas e muito mais. Em todos esses espaços, o design inclusivo se faz necessário. Pois mais do que um público-alvo, trabalhamos com pessoas reais. Com limitações e características únicas que devem ser respeitadas e compreendidas pelas empresas.
Design de serviço e design inclusivo
Atuando com design de serviço, pensando sempre nos valores proporcionados aos usuários de um produto ou serviço, ou seja, com o foco sempre no usuário, a HOMA Design de Serviço atua também com o design inclusivo, já que a inclusão é extremamente necessária para as empresas.
Assim, impulsionamos a transformação dos produtos, serviços, espaços, linguagem, atendimento e ofertas de maneira a incluir e atender personas reais. Tanto para gerar oportunidades de negócios quanto para acompanhar o desenvolvimento do mercado e gerar a inovação na sua empresa.
Para isso oferecemos workshops com técnicas que conseguem incluir todos os colaboradores, identificando aspectos individuais e trabalhando com materiais e dinâmicas diferenciadas. Para inserir o design inclusivo como uma prática cotidiana no dia a dia de seus colaboradores e serviços, faça uma consultoria conosco e saiba como transformar a sua organização. Entre em contato!